terça-feira, 15 de julho de 2014

Nocturno Sra da Serra no Marão

Escrever com palitos nos olhos não é muito confortável mas nada disso se compara ao desconforto que uma noite sem dormir propociona! Isto dito fora do contexto até parece que fui prá noite com uns amigos e cheguei bêbado a casa... Bem na verdade fui prá noite com um amigo e cheguei com algum álcool nas veias mas acima de tudo cansado!
 
No ano passado havia ficado com a pulga atrás da orelha porque o Brasa tinha ido à festa da Sra da Serra com o Mikka e não me havia dito nada, de nada valeria porque nesse mesmo dia tinha feito perto de 230klm's em solitário e fazer uma nocturna seria penoso mas talvez não tivesse virado a cara ao desafio! Em 2012 eu já tinha ido à mesma festa mas com rodas mais grossas e como a experiência tinha corrido bem achei melhor não voltar a ir para assim ficar com uma boa memória. Tinha ficado então o pseudo-projecto de ir ao Marão durante a noite e de roda fina... Também no ano passado lá tinha ido de roda fina, mas faltava um condimento e esse era falta de luz natural!
Durante a semana fomos tentando recrutar mais estúpidos para avançar com a empreitada mas ninguém queria alinhar e eu havia dito ao Brasa(Jeferson) que sozinho com ele não ia porque senão ele ia deixar de falar comigo uns meses como da ultima vez que andamos sozinhos! A verdade é que como ninguém estava com disposição eu fui pensando bem e tomei a decisão de ir na mesma, antes isso do que ficar em casa a roer as unhas ou a ver as fotos no dia seguinte.
No sábado de manhã e como ficar a dormir não é o meu passatempo favorito juntei-me ao Indy e ao Tico pra uma volta, o Albano também quis pedalar um pouco. Eles iam empenar todo o dia mas a minha ideia era só uma volta curta e ao fim de 100klm's estava em casa pronto a descansar toda a tarde! Não foi bem assim mas deu pra recuperar algumas horas de sono para depois ir pra noite :D
 
Eram cerca de 23h e estava a sair à rua para começar a aventura. Confesso que apesar do calor que se fazia sentir não me sentia própriamente confortável e muito por culpa de uma abelha que me havia ferrado na cara durante a volta matinal e o inchaço incomodava um bocado, mas também assim a um sábado à noite ir pelo centro de Guimarães de bicicleta com uma mochila às costas estava a fazer-me confusão mas quando passamos a cidade e começamos a ficar em terreno mais sossegado a ideia começa a ser: "fod@-s€...estava tão bem no sofá a descansar..." Enfim só quem anda assim é que sabe o que vai passando pela cabeça!
Até Amarante não há história, infelizmente aquela hora não deu pra descarregar ninguém e por isso não deu pica :D Na cidade paramos para beber uma cerveja e ganhar apetite para mastigar os klm's de subida que nos esperavam até à serra! A paragem foi curta e rapidamente retomamos o andamento. Até bem perto da Pousada do Marão julgo que só um ou dois carros passaram por nós e com o mesmo destino que o nosso. Durante a subida mantivemos um ritmo calmo e paramos duas vezes para encher água porque eu estava ainda a digerir um valente bife de boi bem temperado que me ia fazendo alguma sede e consumir muita água! Diga-se também que notoriamente o meu corpo não estava assim muito fresco e o ritmo a que fomos digerindo a subida foi o que eu achava razoável e desta vez o Brasa estava com mais watt's para descarregar que eu, vá lá... Nem tudo é mau, assim pelo menos sabia que não ia deixar de falar cmg durante uns meses!
Na ultima viragem e dolorosa também que dá acesso ao topo paramos uns momentos para conversar com pessoal que se fazia montar em rodas mais largas e estariam a ganhar apetite para subir. Estes últimos 12klm's seriam os piores muito por culpa do piso improprio mas também de umas rampinhas que se encontravam pelo meio, mas como já conhecíamos estávamos a guardar força para elas!
 
O Jeferson já me vinha a dizer à muito que não ia embora sem descarregar um "tratorista" (btt) mas eu nem liguei pois por norma é sempre mais olhos que barriga e não estava assim com muita disposição para arranques... Mas o dito "descarreganço" apareceu quando algum pessoal que fazia a escalada de roda grossa do NGPS saíu à estrada apertando o ritmo e o Brasa deu logo em cima deles e sem apelo nem agrado deixou o povo pregado ao chão, enquanto eu devagarinho passava por ele e pelos outros no meu sossego :D Canalhices à parte chegamos ao topo ainda não eram 4h e fomos directos ao topo tirar umas fotos para depois vir trocar de roupa e petiscar lá na festa que já estava animadissima aquela hora.
Infelizmente não tenho mais nenhuma foto do Brasa para publicar.
O pessoal que por lá andava estava a curtir milhões, uns mais bêbados que outros mas toda a gente brincava como manda a lei das festas! Para nossa alegria o Tico ligou a dizer que como prometido estava a ir ao nosso encontro com a família. Mas que bela noticia esta senão teríamos dado a volta e vir embora ao invés de ficar à espera do nascer do sol! Quando chegou além de um sorriso, trouxe café e uns croissants que nos fez imensamente bem à alma.
Entretanto o sol nasceu, embora mais tarde do que a gente estava à espera, dizem que foi um parto difícil mas nada que uma boa cesariana não tenha resolvido, e a gente fez-se ao caminho de novo para regressar a casa. Aqui o nosso medo era rebentar um pneu por causa da degradação da estrada mas desta vez correu bem. Descemos tudo sem contratempos e com algumas fotos no registo!

 
 
Até casa a história é rápida de contar e resume-se a isto. Lutar contra o sono, o sol matinal que fazia sentir alguma ressaca do cansaço, lutar contra a moleza do corpo e contra as subidas que mesmo curtas faziam mossa. Cheguei a casa ainda não eram 10h da manhã já com o pequeno almoço tomado e uma valente dor de tudo! Já apanhei empenos, já cheguei muito cansado, já entrei em casa quase de rastos e já tive caimbras a entrar na banheira mas da maneira que cheguei nesta manhã não me lembro. Não vou dizer que isto é por causa dos 170klm's e 2800D+ que a volta obrigou, mas talvez seja porque estava farto de dar ao pedal! Put@ que p@riu a bicicleta :D
 
Fica aqui um vídeo que mostra alguma da festa que se passa no topo da serra a ver se alguém pra o ano quer lá ir comigo e com o Brasa. Eu cá por mim se não for de mota, vou de carro!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Way to the hell

Gosto de sair de casa com a lição estudada e com tudo pronto para enfrentar um dia sem o pensamento de que me esqueci de alguma coisa ou que irei para um local que não faço a mínima ideia do que irei encontrar! Este ultimo ponto não sei o que é melhor, saber ou não saber para onde nos levam.
Neste sábado queríamos dar uma volta grande de montanha como ainda não tínhamos feito a valer este ano, um ano que não nos tem facilitado as voltas durante a semana para nos sentirmos à vontade pra enfrentar 200klm's sem grande receio durante o fim de semana! Mas as condições haviam de mudar pois o Pedro Indy durante a semana passada deu-lhe bem aos pedais e talvez sentido-se confiante rabiscou um percurso que nos levaria a passar por Campanhó, local que gosto vá-se lá saber porquê, e depois pela barragem do Alvão que já não ia lá à imenso tempo com a bicicleta de estrada! Quando dou conta da subida que ele queria fazer que nos levaria de Paço para o Alto do Velão rezei, rezei muito, pois já tinha feito parte de btt e sabia que não ia ser fácil e durante a manhã fui dizendo horrores da subida para os assustar. Na verdade queria que ficassem mais que eu mas nem assim tive hipótese de chegar primeiro ao topo :D O percurso não teve grande discussão por isso às 9h da manhã lá nos encontrávamos em Guimarães prontos a seguir viagem! O número de parvos está a aumentar, mas nem por isso as caras são diferentes... Veio o Tico, Hugo, Albano, Brasa, Tiago, o Indy e eu também fui pra puder escrever o texto!!
 
Até Mondim houve pouca história pois a estrada era mais que conhecida e também fomos cumprindo o "roadbook" previamente feito que incluía poucas paragens e a primeira seria depois da ponte de Mondim para um reabastecimento rápido feito no intermache local. Às 10h da manhã já haviam clientes a levar frango de churrasco... Acho que preciso de rever os meus horários urgentemente.
Daí pra frente a estrada começa a subir um bocado originando alguma separação durante os klm's até Ponte de Olo onde viraríamos pra uma estrada que não lembra a ninguém e depois de ultrapassar uma ponte bem antiga e com piso romano, entramos no inferno! Passados 500m's já estávamos bem alongados estrada fora e alguns incrédulos com o que conseguíamos prespectivar da subida. Ora, se estamos junto ao rio e o topo é já ali, significa que vamos subir curto e grosso! Pah nem mais, que subida fantástica que o homem havia de ter escolhido... Não vou dizer que amanhã ia já lá de novo ou até pró mês que vem, mas seguramente este ano ninguém me apanha lá mais!! No strava apenas estavam contabilizados lá dois artistas com o mesmo defeito de fabrico que nós e já sei porquê.
Estou aqui a denegrir a dita subida mas no fundo ela é fantástica a todos os níveis, basta escolher o meio certo de transporte.
O Albano disparou por lá fora e durante uns tempos ainda o acompanhei mas depois mandou uma sacudidela e lá fui ficando pregado... Passado um bocado era o Hugo que me ultrapassava... Fdx tou velho... Olho pra trás e vem o Tiago ao fundo a debater-se com um gancho que me tinha indicado uns ricos 22% e eu mais feliz em cima a olhar pra uma rampa que mantinha uns respeitosos 14% e não via jeito de aquilo abrandar... Aos poucos e a ritmo certo lá me safei desta e entrava parte final da subida de Campanhó para o Velão! Avistava o Hugo e o Albano por uns minutos mas foi sol de pouca dura pois mandaram mais uma "varada" e só os vi no fim! Cheguei ao final feliz... As dores nas costas tinham-me dado tréguas e fui-me safando por lá fora ao meu ritmo e com algumas fotos e vídeos compilados. Era um homem cansado mas contente!
 
O resto da malta foi chegando e via sorrisos na cara de todos o que para o arquitecto do percurso era algo que o deixa sempre feliz. Dali a ideia era seguir a N15 parando para comer alguma coisa num café da zona! O Brasa achou que uns pregos no pão não seriam suficientes sugeriu seguir mais em frente e parar no próximo. Ora o próximo nada tinha! Vamos ao próximo... Não havia próximo e o que houve estava fechado! Bem vamos recorrer aos bolsos e comer barras. Não era o que mais apetecia mas já que não havia picanha ou marisco lá teve de ser!
Já tínhamos iniciado a subida que nos levaria à Barragem do Alvão quando apareceu um café com boa cara mas nem parei, juntamente com o Albano e o Hugo pois sabia que não barragem tinha a famosa Cabana onde param muitos ciclistas outros que tais por isso havia que aguentar! A alguma fome ainda se aguenta mas aquela subida... Ai aquela subida... Que subida dura Cristo! Pelo meio passaríamos em Gulpilhares e depois de Quintelas é que foi o cabo dos trabalhos até apanhar a estrada principal e mais conhecida de acesso ao topo da serra. Os outros dois perdi-os de vista e depois de nos juntarmos no final fizemos meia volta e fomos abastecer à Cabana!
O Indy chegou quase de seguida pois também não tinha parado no ultimo café. Os outros chegaram bem depois e o cansaço já era bem patente entre todos! A dona do café lá nos serviu com umas valentes sandes e alguma cerveja pra matar a sede a empenados.
Apartir daqui não há muita história, o Pedro achou por bem não seguir para Cerva por uma bela estrada que já conhecíamos e então viemos pelo Viso afim de insultar o guia que quase acabava espancado por infringir tamanha subida sem a malta contar... Felizmente consegui explicar o porquê daquela escolha embora nem eu próprio tenha entendido as minhas razões :D :D
Em Felgueiras começou a chover e até casa foi um "ála que se faz tarde".
Adorei a volta, não há nada que eu pudesse apontar no que se passou durante todo o dia. Gostei da animação que foi havendo, adorei as poucas paragens e vim feliz pelas estradas escolhidas pra passarmos o dia... Venham mais destes!
 
 
E já agora fica aqui um vídeo que gravei na passada semana numa volta pelo Pilar: