terça-feira, 25 de junho de 2013

Clube dos empênos do Vale do Ave :D

Este fim de semana houve outra empreitada de registo, uns dizem que empreitada é carregar uma placa ou uma vindima, mas eu também acho que se aplica a certas e determinadas voltas que fazemos! Para este sábado fomos 3 com afinco estrada fora em direcção ao interior nortenho. Eu, o Indy e o Brasa que é o autor desde texto que passo a transcrever do fórum ciclismo. Também puderão ler o relato do Indy aqui: http://indy.home.sapo.pt/relatos/0153_Campanho_Alvao_Viso/index.htm
 
Os empenos do CEVA (Clube dos Empenados do Vale do Ave) nas últimas semanas estiveram ao rubro e logo no início da semana já se discutia possíveis percursos para o próximo....
O Pedro Indy Ribeiro como sempre já tinha na cabeça,entre outros, um percurso para fazer,desta vez sendo proibido meter carros à mistura devido às bocas dadas na semana passada. Por outro lado o Daniel Kézia Cardoso já há muito muito tempo estava com uma ideia fixa de fazer a subida a Campanhó,ninguém no mundo ia lhe tirar aquilo da mente....
O percurso do Pedro era teoricamente mais leve,como ponto contra era que ia para os lados do Gerês,o que seria ótimo se já não tivéssemos ido para aqueles lados nos últimos empenos...
O percurso do Daniel era interessante,porém a volta à casa não havia consenso, passar pela Régua e depois seguir a beira rio até o Porto,depois ver,comboio (?),ou voltar pelo Viso......
A palavra Viso causava-me arrepios,não pela subida em si mas porque eu já sabia que esses malandros iam obrigar-me a subir aquilo depois de muitos kms e metros de acumulado...
Ficou-se naquele impasse,passavam-se os dias na semana e não se sabia qual afinal ia ser o track final....
A vontade do Daniel de subir Campanhó ninguém lhe ia tirar da cabeça,ao mesmo tempo o Pedro dificilmente vai para uma grande volta se não for para conhecer alguma vertente nova,e olha que o homem conhece muitas... O inevitável aconteceu, o Pedro criou um novo track que satisfazia as vontades do Daniel e as dele,só tinha um "probleminha"....saiu um "rebuçado" para 230kms e 4400m de acumulado !!! E eu metido no meio deste "barulho".... Como não há nada tão ruim que não possa piorar, nossos companheiros de empeno ET e Tico Rocha não poderiam comparecer,ia ficar eu sozinho para aturar (sobreviver) aos dois malucos.
Saímos cada um de suas respectivas casas tendo combinado às 8:30 em Guimarães....O Pedro chegou um bocado atrasado,pensamos que ele tinha ido subir à Penha para aquecer...
Guimarães,Lameira,Gandarela, Mondim de Basto,caminho conhecido e feito a ritmo baixo sem muita história. Primeira subidinha digna do dia até Paradança,para aquecer as pernas e encarar a subida de Campanhó...O Pedro já conhecia,eu e o Daniel já tínhamos feito a descer somente.
No início a subida é algo inclinada,sabíamos que era subida para +- 13kms,só pensei que se fosse sempre assim ia se tornar dura....passado um bocada ela torna-se bastante mais fácil,isso claro num ritmo calmo...Passados por Campanhó propriamente dita,subida continua e depois de um gancho à esquerda,ela volta a ficar mais dura,mais uns 3kms um pouco mais exigentes...Depois uma descida longa e sem contar já estávamos no Ermelo,tava a achar aquilo fácil.
Chegados ao Ermelo,primeira pausa para comer qualquer coisa,nada de especial,um pão saloio com fiambre e queijo... À entrada do simpático estabelecimento o Daniel já se admirava com o tamanho das "brocas" que os senhores por ali fumavam,coisa para mais de 30cm....Identificados obviamente como ciclistas,fomos apresentados ao "campeão" ali da zona,um tal de David,que disse ter 47 anos,parecia 30 e poucos,um cabelo até o fim das costas...fica a prova que ciclismo faz bem e não deixa ninguém careca
 Depois da tortura ainda tinha o rebuçado do Pedro,que era um incursão ao um troço desconhecido por ele dentro do Parque Natural do Alvão....eu sabia que iam ser 3 picos,não sabia era se iam ser muito duros ou não.... Mas do entroncamento ouvi ou sonhei ouvir alguém dizer algo como
"e que tal se fossemos daqui direto a Mondim "...e já todo feliz .mas não...viraram mesmo à direita em direção aos picos...a primeira rampa já denunciava. Passei por último por um casal de namorados que estavam à sombra e curtir,eu ao sol a sofrer e a babar-me todo,ouço uma palavra de incentivo "fooorça" mas com um tom de ironia de como que diz: "olha-me esse maluco,é cada um ! " Passado o primeiro pico diz o Pedro que era o mais duro,os outros iam ser mais suaves,quando me surge essa imagem pela frente,o Pedro com um sorriso enorme,e eu com vontade da mandá-los já pra pqp...
 
Depois disso ainda havia mais uma subida mas o Daniel mostrava no gráfico que era "fácil",eu já nem ligava porque eles só me mentiam mas paisagem era deslumbrante,para isso que vale a pena o esforço, eu de vez em quando pensava na subida final que tinha de fazer no Viso,mas adiantava-me "um grosso" preocupar-me.
Entre mais uma subida e descidas,muitas localidades,Cerva,fomos novamente ter a Mondim...ainda éramos para virar em Atei para o Arco de Baúlhe mas decidimos seguir em frente mesmo até Mondim...Propus ao grupo irmos fazer o KOM à Sra. da Graça mas não sei porquê ninguém alinhou...
Com a mudança de planos decidimos aproveitar para fazer a ciclovia que liga Mondim a Celorico,no caminho o Pedro ia a fazer-me o favor de aterrorizar-me sobre a subida ao Viso,pois ainda nunca tinha eu passado lá.... Chegados a Celorico o Daniel engata rápido numa subida e eu a pensar é aqui que começa o terror...passado um tempo vem ele para trás a dizer qualquer coisa que por ali não era o segmento original do strava e que deveríamos ir por outro lado... Eu incrédulo,berro sem sucesso: strava ? tempos ? a essa altura do campeonato ? Mandem mas é os tempos pra p*** que o pariu ! O "problema" é que à parte de sermos uns empenados, no início da subida contávamos com 170km e 3700m de acumulado nas pernas. O Daniel ainda proferiu a última "instrução" algo como "se houver separação encontramo-nos no fim da subida".....Eu a pensar pra mim "se houver"..olha-me esse filho da mãe já sabe que nos vai descarregar e tá com essa de "se houver".
O Kézia disparou lá para cima e aos poucos deixamos de o ver...o Pedro ia no mesmo caminho,manteve-se à minha frente sempre uns 50m mais para o final apanhei-o,mas pensei logo que ele tinha é deixado,que a segunda parte do rebuçado que ele conhecia bem e eu não,devia ser dura de roer e ele,fino,já andava a preparar-se.... Uma descidinha para descansar e já tinha marcado no GPS um ponto nomeado "INFERNO 2",que era a 2º parte da subida...Vi o Pedro a acelerar, ele a direito e eu já aos "Ss",meti o auricular no ouvido direito,avozinha,e só olhava para baixo...quando acabar acabou...O GPS marcava 3kms para o fim da subida....demorava uma eternidade para fazer 100m.....
Já sei o que vão dizer,a subida nem é assim tão difícil,são uns meninos,mas não sei, o acumulado,o calor que se fazia,os kms nas pernas, a expectativa e desconhecimento da primeira vez,custou um bocado e atipicamente em mim esbocei uma reação como se tivesse conquistado alguma coisa...
O Pedro também confessou que lhe custou um bocadinho...
O regresso feito por Felgueiras,alguns bons kms a rolar até Vizela onde cada um seguiu para suas casas...Combinámos
que no próximo sábado não vai haver empeno,mas será que por quanto tempo vai durar essa pausa ?
Para os curiosos fica aqui o meu registo "gpssmente" falando:



segunda-feira, 17 de junho de 2013

"Galicia Canibal"

Na viagem de regresso de Cinfães com o Indy enquanto lambíamos as feridas do que à minutos tinha terminado já se falava do que havia de vir! Ele dizia-me que tinha uma percurso na gaveta que queria mesmo explorar que nos levaria até terras espanholas e prometia ser duro. Esse mesmo percurso já tinha sido adiado uma vez por falta de comparência de membros e também por imposição da Troika! Essa mesma instituição fez com que eu decidi-se que iria de bicicleta até às pontes do Rio Caldo e daí me juntaria ao resto do pessoal. O regresso logo se veria!
Entretanto o Brasa achou que eu não seria tão maluco quanto isso e foi comigo de bicicleta tendo de antemão combinado com a esposa um resgate para o regresso... Estava safo eu também pois assim já tinha boleia até às Taipas assegurada!
 
Ás 7h da manhã abria o portão de casa para me meter ao barulho. Aquele estalar dos cleats que esta semana não tinha tido hipótese de ouvir durante os primeiros klm's iam-me deixando apreensivo mas tentei não pensar nisso o que acabou por resultar! 7:30h estava nas Taipas como marcado e na cavaqueira seguimos para o Gerês! Quase no alto das Cerdeirinhas o Indy acompanhado do E.T e também do Tico passavam por no carro. A descida até ás pontes foi feita em contagem decrescente sempre a olhar para o relógio pois estávamos de pré aviso que não havia tolerância a atrasos!
Após os devidos cumprimentos, pedidos de desculpas por bocas durante a semana, café e consolo das vistas propocionado pelas meninas que se pavoneavam com pouca roupa e também justa fizemo-nos à estrada! A primeira contagem de montanha seria até Ermida a caminho da Pedra Bela que ficaria um pouco mais acima, mas sem interesse para hoje.
Um pouco sem querer ataquei a subida sem olhar para trás e quando dei conta seguia sozinho. Pensei se abrandaria, mas depois lembrei-me do "Kom" e continuei a fazer rodar os crenques sem exageros! Ainda esbocei uns cliques na máquina mas como ela anda um pouco desfocada desisti rápido, pelo menos por agora.
Perto de Ermida juntamos e seguimos juntos na cavaqueira junto ao rio que pelo barulho não deixou esquecer que estaríamos nas cascatas do Tahity. Não era a primeira vez que aqui passava e não me esqueceu a pequena subida até Fafião que nos fez puxar bem pelo corpo nos curtos metros finais! Da outra vez tinha-me custado mais aquele bocado. Seguiu-se mais uma longa descida até Cabril que também já tinha feito em sentido inverso de btt uma vez com o Berto e o Figueiras... É daquelas que faz doer os braços de tão inclinadas que são! No final um grupo de ciclistas na sua maioria iniciantes penso eu estava a tomar folgo para o que os esperava. Tive pena deles confesso. Sabia que para "prós" aquilo faria doer, portanto para eles suspeito que devem ter caminhado bastante!
A próxima subida até aos arredores de Xertelo não pareceu fácil desde o inicio e alguns ganchos mais inclinados foram fazendo a separação do pessoal ao longo da estrada. Seguia sozinho e de vez em quando ria-me do que o Brasa me vinha a contar logo pela manhã! Quando a estrada empinava mais eu lá soltava um grosso desabafo... "ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhrrrrrrrrr"
No topo tinha uma bica de água bem fresca e aproveitei para repor um pouco das energia que havia gasto! Sorridentes e com vontade de levar mais vinham os meus companheiros que também aproveitaram para fazer o mesmo... Ao longo do dia achei que estavam todos muito tranquilos, sem stress para nada. O ambiente agradava-me especialmente! Julgo que o facto de alguns empenos juntos já estar a trazer resultados e a gente conhece-se melhor um bocado. Especialmente a nível de ritmos!
 
Continuamos estrada fora para um troço bem bonito de alcatrão quase branco e com a vegetação rasteira pela berma da estrada. Mesmo como gostamos! Passamos pela aldeia de Azevedo onde várias coisas me vieram à cabeça, coisas que me faziam espumar pela boca. O Azevedo, também conhecido por "Chupsss", é um amigo cuja mulher faz um bolo de chocolate maravilhoso e naquela hora vinha mesmo a calhar para repor o açúcar! Ai mente, até onde me levas.
Como a estrada continuou um doce nós fomos deliciando com ela até à Barragem de Paradela. Foi a primeira vez que aqui vim e gostei do local. O paredão é muito bonito, contrariamente ao normal betão armado!
À passagem em Paradela paramos num café para beber uma coca cola. Ainda era cedo e por isso tentamos não demorar muito por lá! Além da frescura da senhora recorda-me que o E.T. já estava a negociar o aluguer de quartos para uma próxima visita... Aliviou-me apenas o facto de não precisar de cá voltar para o aluguer como em Santa Isabel do Monte! Ficou-me na ideia também que queria usufruir de todo o prazer de me sentar na sanita do café, mas o único meio de limpeza seria um pano que tinha num balde com lixívia. Aguentei o peso!
 
Arrancamos e a estrada deu pouco descanso começando a subir até Covelães. Mais alguns ganchos e umas longas rectas levaram-nos até à aldeia! Foram poucos estes klm's mas foram fazendo a sua moça e depois viramos para continuar a subir até Pitões das Junias. A principio foi uma subida a três, mas depois o Tico deixou-se ficar para trás continuando eu com o Indy. Sabia que ele também não estava nos seus dias mais fortes e por isso seguimos juntos até ao topo da subida! À chegada ao alto quando a estrada quase planava levantei pé e disse-lhe para ficar ele com o Kom por nos ter trazido até aquela beleza. Com base nesta desculpa, poderia deixar-lo ir sempre à frente durante todo o dia. 
O Tico entretanto chegou seguido do Brasa. O E.T demorou um pouco mais porque vinha atrás de um autocarro e não conseguiu ultrapassar-lo por a estrada ser estreita :D
Depois de mais umas curvas sobre a montanha estávamos na aldeia que seria o motivo do passeio de hoje. Tivemos que fazer um desvio para lá conseguir chegar e ainda por cima a estrada não tem saída, algo que não é muito do agrado mas teve de ser! A visita foi curta e embora seja uma aldeia bonita e pitoresca não consegui encontrar o motivo para que tanta gente aqui venha.
Para ajudar ao transtorno de ter de fazer 2klm's para trás ainda parti uma travessa do sapato e andei o resto do dia com o pé a dançar no pedal. Acabou por servir de desculpa para não conseguir aplicar toda a potência ao chão :D
A descida até Tourém foi rápida. Atingimos os 70klm'h uma boa meia dúzia de vezes interrompidos apenas por umas curvas mais manhosas que obrigavam a utilizar bem os calços comprados na decatlon à quase dois anos... Teria aqui um bom motivo para um texto grande, mas irei poupar as mentes inteligentes que por norma lêem estas humildes linhas!
Logo no fim da aldeia cujo piso era um miserável paralelo encontramos uma ponte sobre a Albufeira de Salas. Uma ponte até interessante, mas não tanto como o olhar atento que foi preciso para não tropeçar numa pedra que o André tinha lá usado como tripé para tirar uma foto:D
Um pouco à frente estávamos na fronteira. Reconheceu-se logo que estaríamos em Espanha porque nas estradas uns funcionários públicos trabalhavam alegremente fazendo a manutenção da via. Os portugueses não querem trabalhar mais de 36horas... oh god!!!
Uns klm's de longas rectas levaram-nos sem dificuldade até ao Alto do Couso. É mesmo assim o nome! O tojo e a carqueja que rodeava a estrada trazia mais um colorido aos nossos olhos e certamente também dará a quem quiser abrir o link com o resto das fotos.
A fome já apertava e todos concordávamos que estava na hora de parar! Não tardou até encontrar-mos um café para abastecer. O Indy fez logo questão de mostrar que éramos portugueses quando logo à entrada estrampalhou dignamente o caixote do lixo... Ainda por cima nem desculpa sabe pedir em espanhol :D
Pedimos umas sandes, uns bocadilhos como lhe chamam. O tamanho daquilo era semelhante a uma trança que por aqui normalmente se compra! Uma enormidade mesmo. Chamaria-lhe até um "pedacilho". Não consegui comer tudo e trouxe o resto ás costas para comer mais tarde...
 
A tranquilidade era muita na estrada que seguimos e o guia afirmou que haveria um desvio por um roteiro pitoresco. Teríamos apenas de estar atentos ao gps!
Em Cados começa o tal roteiro. As rampas iniciais fazem assustar mas não duram muito! Sinceramente, a estrada era tão bonita que nós queríamos lá saber se subia muito, pouco ou era a descer... Foi só deixar-mos levar pela beleza da estrada que fica aqui bem patente nesta foto.
Palavras para quê?
O Indy vinha mais atrás um pouco mas só me apetecia beijar-lhe os pés por tamanha descoberta. Aquilo estava excelente e nem os mais de 3000D+ que já trazia me faziam pestanejar uma única vez.
Posso ser repetitivo em algumas frases sobre as estradas, mas é a maneira de frisar a ideia :D
Restava-nos fazer a ligação a Lobios que seria por mais um bocadilho pitoresco com descidas de elevada dificuldade. Não fosse já o bastante a inclinação como dificuldade, a estrada teria sido arranjada à pouco tempo e tinha bastante areia espalhada que aqui e ali nos fazia roçar a berma à procura de aderência.
 
Passamos por Lobios de fugida e o ritmo aumentou. Acho interessante este pessoal que quanto mais próximo do empeno estão, mais aceleram para gastar tudo o que há na tentativa deixar os outros k.o! É fixe isto :D
Torneiros aproximou-se num instante mas ainda deu para eu rilhar o resto do lanche que trazia comigo. Daqui até à Portela do Homem seria para sobreviver!
O Indy mais uma vez atacou e à vez fomos partilhando a despesa da subida. O ritmo estava forte para os meus 180klm's e quando pude disse-lhe: vamos-nos fod€r!! Ele nem respondeu. Nem deu tempo porque o Tico alcançou-nos sem dar um pio metendo-se logo em fuga para nosso mal...
Desanimei um bocado. Achei que me vinha a esfolar e afinal passa aquele gajo por nós a gozar!
Aos poucos ele foi ganhando terreno enquanto que o Indy também me ganhava... Isto estava bonito.
Umas rajadas de vento quase me faziam parar, mas com medo que alguém visse prometi a mim mesmo que não pararia até ao fim da subida. Gemi, gani e quase desfaleci mas consegui sobreviver aqueles klm's que pareciam não ter fim!
Quando cheguei abasteci de água e deixei o corpo recuperar um pouco do esforço feito até me juntar aos dois bravos cuja idade não pesa e apenas se torna um posto. Lambíamos feridas juntos enquanto esperávamos pelo E.T. e pelo Brasa!
Ainda faltava escalar mais 3klm's até Leonte e esses embora nunca os tenha feito de roda fina, sabia que seriam uma eternidade. Acabou por nem ser pois apesar de empenados seguimos juntos até ao topo para iniciar a descida até ao Gerês :D
Foi um alivio ter chegado ao alto sem ter desfalecido e as forças foram recuperadas na descida louca que fiz com o Brasa ultrapassando uns carros que nos atrancavam. Foi mais uma linda para juntar ao lote de exageros cometidos!!
 
Nas pontes esperava-nos a mulher do Jeferson com alguns alimentos para nós e também para nos aturar um bocado apesar do nosso cansaço. Eu regressei com o Tico para casa em amena cavaqueira e com o corpo a pedir descanso até ao dia seguinte claro :D
Em jeito de despedida deste relato convém dizer e dar os parabéns ao Indy por ter desenhado este percurso lindíssimo a todos os níveis em que tudo esteve na medida certa. Ao Tico, E.T, ao Jeferson e também a mim há que dár os parabéns pela loucura de ir atrás dele à procura das famosas endorfinas que dizem que dão prazer enquanto se pedala.
Quase me esquecia de deixar o registo da volta em que os números não são enganosos: http://app.strava.com/activities/60534112
O resto das fotos estão neste link: https://www.dropbox.com/sh/1bmbuyt0ompdzz2/8yaxezEDb-
Bem e claro está que com um dia de sol os Kézia saíram da toca para mais uma volta!
Desta vez o Batista voltou a aparecer, dizem que é mais um ou dois domingos e depois hiberna de novo. O guia fui eu e o percurso foi uma mistura de caminhos conhecidos e outros desconhecidos que ligaram Brito, Sra da Saúde, Telhado, Joane e a Santa Tecla. Não houve duvidas quanto à qualidade dos trilhos escolhidos e destaco as poucas paragens feitas. As que existiram foram para o snack e também para o Jorge trocar de roupa visto que trouxe o armário ás costas, literalmente! O Albano também apareceu montado numa 29r pronta para vergar o monte... Ou a ele!!
Venham mais domingos assim com um pouco de sol e um grupeto jeitoso e animado porque é isso que nos tira da cama ao domingo de manhã :D

quarta-feira, 5 de junho de 2013

De Ponte de Lima a Montemuro

Este domingo tinha um empeno marcado para os lados de Montemuro e tinha de poupar as forças para não fazer fraca figura, mas com o calor a dominar o fim de semana não poupei o corpo a uma voltinha que foi calma seja na kilometragem ou no acumulado!
Nunca tinha ido até Barcelos ou Ponte de Lima e sendo assim juntei estes dois pontos na mesma volta trazendo para casa uns bonitos 135klm's para comemorar o dia mundial da criança.
No domingo de manhã levantei-me cedo e com o Indy aos comandos do gps deslocamo-nos até Cinfães sempre nas calmas! A viagem foi uma maravilha e o humor matinal mais sizudo do Indy foi sendo contornado com alguma conversa em torno da modalidade e não só. Admiro-me como mantivemos em quase tabu o que nos esperava durante o dia, pudera também a única coisa a que eu tinha tido acesso foi ao gráfico de altimetria que contemplava 3subidas longas e íngremes e não havia nada a discutir... À chegada paramos numa pastelaria para reforçar o pequeno almoço e concordamos que também fazia jeito tirar pesos extra que não convinha arrastar durante o dia.
Dirigimo-nos ao local de partida para ultimar os pormenores para a empreitada e o pessoal foi chegando mais ou menos ao mesmo tempo! Saudosamente voltei a rever o Fogueteiro a quem os seus 47anos de vida apenas trazem falta de bom senso para se meter nestas lides de dureza. Também veio o Pedro Lobo, o Mikka, o Filipe Oliveira, o Gil, o André Duchene e o Zé Nuno que se apresentou logo com uma chouriça para mim... Quem não chora não mama já dizia o outro!!
 
O arranque fez-se por uma rápida descida que deu numa mini ponte sobre o Rio Bestança seguido de uma viragem à direita para o inicio das hostes! Esta subida iria-nos levar até ao topo da Serra da Gralheira, bastante conhecida aliás nas lides do btt. Mais pelo restaurante acho eu!
Foram cerca de 20klm's sempre com rampas de respeito que foram fazendo alguma mossa, que o diga o Mikka que não se sentiu muito bem e deu meia volta até ao carro.
Pelo meio veio à baila o motivo destes encontros: Diversão! Quem não viu já uma imagem parecida num qualquer Tour...
No topo da Gralheira a estrada é falsa pois há um sobe e desce constante normalmente por longas rectas ao bom estilo dos states! Por aqui a energia eólica está em voga e eu sou um apreciador destas máquinas de debitar watt's não me incomodo nada com tanto gerador.
Depois do planalto veio uma longa descida que deu para cansar os braços, mãos e tudo o resto! Enquanto numa curva esperava pela foto ideal fiquei a saborear alguns dos frutos de Resende até que apareceu o André.... Podia ter demorado mais um pouco :D
Em Resende procuramos uma pastelaria para reabastecer, não foi fácil e a que encontramos não estava muito bem preenchida mas foi o suficiente para não deixar ninguém desfalecer durante a subida por fraqueza! Lembram-se daquilo do "quem não chora não mama"? Pois bem, na pastelaria meti conversa com a dona e disse que queria os famosos 5% de comissão sobre o consumo total! Não tive isso, mas um café de borla lá consegui...
Em conversa com o Filipe percebi que para sair dali as duas opções que haviam eram duras e ele para dizer isso é porque eram mesmo! Um homem em quem confio e confiarei no futuro.
Logo à saída somos presenteados com rampas de 12%, 14% e muito mais acho eu... Cheguei a pensar que estava a trepar um muro! Pelo meio destes mais de 10klm''s em que as rampas se sucediam houve uma ou outra parte de mais descanso mas nem assim dava para recuperar muito.
O Filipe reafirmou os seus créditos e trepa como se de uma mota se trata-se. Chegou a imaginar que dentro daquele cubo Shimano algo volumoso tem um esquema qualquer...Dar arranques todos damos, mas manter firmeza é com ele! É um caso à parte coitado. O Zé Nuno também está numa boa forma e foi sempre na minha frente e do Indy a fazer a ponte como se diz no futebol...
Mais atrás um pouco veio o Pedro Lobo seguido do Gil e do Fogueteiro que se vinha a queixar que a pólvora estava seca naquela subida! O André arrastou-se como conseguiu na subida até à capela de São Cristovão mas tiro-lhe o chapéu por não ter sido egoísta porque é sabido que está numa forma física bastante abaixo do que já foi e mesmo assim desenhou um percurso para tubarões das longas distancias/acumulado, reiterando o seu empeno para segundo lugar.
Depois de recompostos ainda pedalamos mais um pouco por entre algumas aldeias e fomos juntando mais umas rampas longas e que o fim parece não existir até iniciar a descida para Castro de Aire! Estava totalmente perdido no espaço e no mundo... Julgava que já estaria perto da Serra da Estrela :D
Na descida metemos pelo meio da aldeia de Codeçais que foi desabocar na barragem da Ermida! O André tinha falado que alguém lhe teria dado uns encontrões enquanto ele rabiscava e podiam sair uns brindes.. Está aqui um :D
Esta foto é no mesmo local, mas como sou o titular deste espaço reservo-me a alguma publicidade à minha pessoa :D :D Obrigado ao Indy pela foto!
Bem e depois e uma longa descida em que passamos mesmo ao lado de Castro de Aire cruzamos o Rio Paiva e veio a "morte" do dia na subida de Sobradinho e que iria passar a Faifa a caminho do quase topo do Montemuro.
A subida começa muito violenta e os primeiros klm's fazem relegar a subida ao Viso para 2ª categoria. A pouco e pouco vamos doseando o esforço e ficando alongados na estrada. O Zé Nuno seguia um pouco mais à minha frente e enquanto ele ia fazendo alguns "ssss" na estrada subida fora eu ia imaginando o esforço que teria de fazer! Para mim que apesar de já ser algo vivido nestas lides, nunca tinha subido nada do género e durante tanto tempo.
Passado uns klm's paramos para reagrupar e aí fomos trocando ideias do que vínhamos a sentir... Era comum o sentimento e apenas variava de tamanho o empeno!! Mais duas ou três rampas e estávamos na Faifa onde estava a acontecer uma feira anual com muito ambiente, carros na beira da estrada, barulho e poeira com fartura. Por todos acredito que tenha passado a ideia de uma chegada em montanha numa etapa qualquer de uma grande volta! Uns pararam para comer numa rulote algo mais pesado, enquanto o Fogueteiro comprou uma espécie de pão podre que foi distribuindo. Aquilo soube-me pela vida junto com uma fonte de água fresca que por lá havia! O barulho era muito e como não gosto de parar no meio destas subidas segui um pouco atrás do Indy no resto da subida. Foi a pior parte do dia estes cerca de 2klm's até à N321. Senti o corpo a fraquejar e a cabeça mandava acelerar mas o coração já pouco passava das 140rotações e as pernas iam abrandando! Era o empeno a falar mais alto de certeza.... O Indy também estava lixado, talvez pelo mesmo motivo que eu e juntos atingimos a estrada principal que nos trouxe um piso que estamos mais habituados a pedalar e as forças voltaram fazendo-nos acelerar bastante e quase no topo passou a mota por nós e ao sprint chegamos ao topo do Montemuro. Impressionante como à uns minutos atrás duvidava que consegui-se chegar ao topo!
Depois da foto de grupo seguimos para o ponto de partida. Ainda abri o fecho da maquina para tirar mais umas fotos mas o Indy juntamente com o Filipe passaram por mim já com a talega metida e eu não queria perder aquele comboio para a descida! Foram lindos aqueles klm's com tendência descendente e nós os três sempre a trocar de posição, com média sempre acima de 50klm'h! O Zé Nuno ainda veio dar uma sacudidela mas foi posto logo no devido lugar na fila para não estragar o clima :D
Com agrado chegamos quase todos juntos aos carros a Cinfães e após algum rescaldo, seguido de tentativas de trocar de roupa com um casal a mirar-nos enfiamo-nos no carro em direcção a nossas casas! Ainda deixei o Pedro num local próprio para dar uma corrida porque ele não vinha satisfeito. Eu fiz mais cerca de meia hora de piscina para achar que merecia um banho! No fim destas mentiras dei por mim aterrado a dormir como sei lá o quê de tão cansado que estava.
Foi uma volta maravilhosa, o percurso foi o mais exigente que fiz até à data talvez pelo compacto de klm's vs acumulado ao qual se juntam ainda as rampas de inclinação mítica. Mas para colmatar estas mazelas no corpo há muita coisa que a mente regista para o futuro, exemplos esses são as paisagens no topo da serra da Gralheira e de Montemuro ladeadas de torres eólicas que faziam a seara deitar-se em jeito de vénia para nós! Um dia fabulástico para recordar no futuro.
Obrigado a todos os presentes por não virarem a cara a desafios e fica a promessa que o próximo será menos duro um pouco. Diria até que é capaz de ter menos 100metros de acumulado!
Preparem-se.