domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sabores e Saberes...Em Chaves!

Pedalar ao domingo de manhã serve sempre para conversar sobre o almoço que se vai seguir em nossas casas e também sobre o que fazemos e visitamos ao fim de semana, entre muitas outras coisas claro.
Um dos intervenientes sempre nestas conversas é o Zé, assíduo frequentador de feiras do fumeiro pelo norte fora e até em Espanha (rebuçados). Um homem viajado e viajante é sempre uma mais valia entre nós! Pelo meio das conversas surge a ideia de uma visita a Chaves à sua feira do fumeiro, a "Sabores e Saberes".
O dia estava escolhido e durante a semana repetidos avisos de vagas de frio, alertas amarelos/laranjas da metereologia faziam com que pensassemos duas vezes antes de ir. Pensamos até mais do que isso e ainda bem que fomos! Na verdade penso que o facto de o nosso Presidente da Républica na semana passada não ter dito nenhuma "bacuráda" fez com que a comunicação social tenha insistido no assunto metereológico. Mas sejamos realistas, estava frio!
Aquela era a temperatura que se fazia sentir por volta das 8:30h da manhã à passagem por Vila Pouca de Aguiar. Temperatura muito diferente era a de Chaves aquando do nosso arranque uma hora depois, cerca de -3graus! Verão autêntico!
Certo é que todos se equiparam com várias camadas de roupa da cabeça aos pés e um Vinho do Porto com bolachas fez aquecer rápidamente o corpo e durante o dia ninguém se sentiu desconfortável com a roupa que levou!
Arrancamos tarde e a ritmo lento, muito lento, porque o frio faz o corpo não responder tão bem aos apelos do cérebro e isso sente-se nas pernas!
Logo no primeiro klm entramos nos maus caminhos pela localidade de Vale de Anta que logo nos presenteou com pequenas poças de água, transformada em gelo duro, muito duro. Reparem na roda no canto da foto!
Estes bocadinhos de gelo serviram para abrir o apetite até à barragem com o mesmo nome da aldeia que julgava eu estar em formato pista de gelo. Errado!
Os maus caminhos continuavam. Os mais antigos, velhos e idosos, recordavam-se dos tempos em que iam para o campo. Até aqui se vê a hierarquia que se vive nas profissões do dia a dia de cada um.
O que puxa(pobre animal que mesmo assim sorri), o que conduz (abastado agricultor com cara de poucos abusos com a criadagem) e por fim, o que semeia e puxa a sua ferramenta( pobre trabalhador de cabiz baixo devido ao fraco ordenado que aufere).
Os maus caminhos deram lugar aos maus caminhos na aldeia de Pastoria, de onde se via o primeiro monte a serpentear com muita pedra solta à mistura fazendo logo ali a separação de quem usa e abusa da técnica, e de quem usa as botas para caminhar!
Não contentes com o frio, os mais otimistas teimaram em trazer de casa a sua bebida com gelo. Ou talvez não!
Entre estas duas fotos fizemos uma pausa para comer alguma coisa leve. Pausa demorada pelas mais diversas razões intestinais de alguns!
À parte disto uma térmica saída de uma das mochilas com ceváda quente e ainda uns doces ajudaram a manter a temperatura enquanto estavamos parados!
Voltamos aos caminhos quase tapados pelas giestas e com a pedra solta a continuar presente!
À passagem pelo Rio Terva, rio que atravessa a aldeia de Sapiãos admiramos um pouco a pureza daquela água que ainda assim arrasta alguns moluscos verdes....
Os "embeiçados"!
A manhã tinha corrido lentamente, ora pelo frio, ora pelo ritmo imposto causa do mesmo. Seja como for estava na hora de se comer algo mais sólido! Encontramos um canto mais abrigado do vento e cada um vai à mochila e "põe a mesa"!
Durante a manhã alguns se intrigavam com a mochila do César, elemento novo no grupo e pela primeira vez a pedalar por fora de terrenos conhecidos. Certo é que ele levou à risca e à pratica a frase "levar o farnel", senão vejam o que ele trouxe.
Nada do que se encontrava ali era de mais alguém senão ele. Todos estavamos espantados, mas quase todos guardamos o que traziamos e fizemos-lhe o favor de lhe retirar o peso extra! O Sr Fontão estava pasmado, dizia ele, frequentador de outros grupos de btt, que daquilo nunca tinha visto. Verdade é que talvez não volte a ver porque o César é capaz de não repetir a faceta!
No fim do manjar tomamos um café na aldeia junto á N103. No café a musica estava alta, o som era "caliente" e as vestes de quem servia eram...Eram desadequadas vá! Interrogada, a menina, se ali costumava haver festa à noite, a resposta foi tímida: "Sim, há (sorrisos...)"! Se alguém quiser festa, em Sapiãos há!! Adiante.
A subida começa com o terreno liso enganador mesmo propício ao empeno! Rápidamente cada um encontrou o seu ritmo e foi escalando. Pouco tempo depois olho para trás e vejo o Silva chegar junto de mim. Vinha na bicicleta do César.
A mesma é pesada, aliado ao peso extra da mochila e acima de tudo ao factor falta de preparação fisica faziam com que ele viesse a "penar" na subida. Em solidariedade o Silva emprestou-lhe a bike e vinha na dele! A táctica resultou e ele chegou ao fim da subida bem mais fresco.
O Silva, conhecido por gostar de andar no cone e algo matreiro perguntou-me se eu queria exprimentar a pesada bike. Eu como sou boa gente aceitei! Ele fugiu-me dos olhos num rápido com a minha "levezinha" e eu....Eu penei toda a subida chegando ao fim completamente estoirado e com partes do corpo dormentas e doridas. Nunca mais caio noutra igual!!
Durante a subida e a título de descanso, tirei algumas fotos. Fica uma panorâmica!
Chegados ao alto, já o Hugo tinha dormido um sono e todos comeram alguma coisa para fazer o resto da viagem!
O alto da Serra do Leiranco tem 1160mt's. A serra caracteriza-se pela falta de vegetação e as muitas pedras soltas que por lá proliferam, algumas em formato bolo mil folhas. É e foi um local que a sua conquista é dificil, parece-me que por qualquer uma das opções disponiveis é duro para o corpo mas estava no corpo e na mente mais este marco geodésico que mete um certo respeito.
Começamos a descer. A descida levaria-nos à aldeia de Ardãos!
A descida foi boa para abanar as ideias, dita por alguns, um petisco. Apelido que um "guru" do btt dá a caminhos do género!
As rodas serviram de pisa tojo, vulgo mato, para abrir caminho a boa velocidade. O muito urze que havia nos trilhos facilmente de desviava das nossas rodas, mas também com facilidade se entranhava nos mais diversos recantos das bikes mas a descida foi feita com estilo e dignidade sem encontros de queixos com o chão!
Vista de cima a aldeia parecia muito bonita e cuidada, e estava! Enquanto abasteciamos água numa fonte percebemos que lá há um forno comunitário onde estão afixadas as contas da junta de freguesia, comissões de festas e clubes de caçadores. Todos com um sinal - antes dos numeros! Troika!!

Não há descida que dure sempre, e portanto nova subida outra vez até perto dos 800m's altitude. Dura!
Estava a ficar escuro e depois das luzes montadas foi sempre a dar até aos carros, estacionados junto aos bombeiros locais! Tinhamos chegado quase todos juntos, rápidamente todos pararam as bicicletas e foram disfrutar de um banho quente.
Sim, um banho quente! Após sugestão, o Cristiano deu-se ao trabalho e conseguiu chegar ao contacto com o comandante dos bombeiros para pedir um banho quente, algo já préviamente tratado durante a semana! Enquanto uns arrumavam as bikes, outros temperavam o corpo debaixo do chuveiro.
Ainda hoje estou a pensar nas mãs linguas que após demora prolongada do Fontão e do Zé no banho, questionavam o que estariam eles a fazer, discutindo até quem teria apanhado o tal sabonete propositadamente deixado ao esquecimento no chuveiro. Uns sugeriam que fossemos ver o que se passava, outros não queriam interromper e outros não queriam viver em choque o resto da vida!!.... Enfim, são muitas horas sentados sem ver mulheres!

Resolvido este problema, embora a explicação de um ligeiro andar de perna arcada não tenha encaixado a todos, fomos para o fumeiro.
Um pavilhão repleto de expositores com tudo o que há direito nestes eventos faziam brilhar alguns olhos mais sensiveis a estes cheiros e sabores... Por lá alguns trouxeram comida para casa, alguns para provar que efectivamente foram para aquelas bandas!
No fim da visita fomos jantar a um restaurante local onde fomos explorados na verdadeira ascenção da palavra, mas isso são outras contas e não vale a pena lamentar!
No fim rumamos a casa, satisfeitos com o dia e com mais este teste do corpo e ás condições metereológicas.
Por mim, tão cedo não voltarei a esta zona pois considero que está tudo mais ou menos visitado e as viagens ficam dispendiosas. Quero tirar a barriga de misérias e rumar para terras com mais vegetação e sem necessidade de fazer tantos klm's de carro.
Fica aqui o percurso. Mais uma vez obrigado a todos pela companhia!

1 comentário:

  1. É preciso coragem para enfrentar esse gelo!!! Continuação de bons passeios.

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