quarta-feira, 5 de junho de 2013

De Ponte de Lima a Montemuro

Este domingo tinha um empeno marcado para os lados de Montemuro e tinha de poupar as forças para não fazer fraca figura, mas com o calor a dominar o fim de semana não poupei o corpo a uma voltinha que foi calma seja na kilometragem ou no acumulado!
Nunca tinha ido até Barcelos ou Ponte de Lima e sendo assim juntei estes dois pontos na mesma volta trazendo para casa uns bonitos 135klm's para comemorar o dia mundial da criança.
No domingo de manhã levantei-me cedo e com o Indy aos comandos do gps deslocamo-nos até Cinfães sempre nas calmas! A viagem foi uma maravilha e o humor matinal mais sizudo do Indy foi sendo contornado com alguma conversa em torno da modalidade e não só. Admiro-me como mantivemos em quase tabu o que nos esperava durante o dia, pudera também a única coisa a que eu tinha tido acesso foi ao gráfico de altimetria que contemplava 3subidas longas e íngremes e não havia nada a discutir... À chegada paramos numa pastelaria para reforçar o pequeno almoço e concordamos que também fazia jeito tirar pesos extra que não convinha arrastar durante o dia.
Dirigimo-nos ao local de partida para ultimar os pormenores para a empreitada e o pessoal foi chegando mais ou menos ao mesmo tempo! Saudosamente voltei a rever o Fogueteiro a quem os seus 47anos de vida apenas trazem falta de bom senso para se meter nestas lides de dureza. Também veio o Pedro Lobo, o Mikka, o Filipe Oliveira, o Gil, o André Duchene e o Zé Nuno que se apresentou logo com uma chouriça para mim... Quem não chora não mama já dizia o outro!!
 
O arranque fez-se por uma rápida descida que deu numa mini ponte sobre o Rio Bestança seguido de uma viragem à direita para o inicio das hostes! Esta subida iria-nos levar até ao topo da Serra da Gralheira, bastante conhecida aliás nas lides do btt. Mais pelo restaurante acho eu!
Foram cerca de 20klm's sempre com rampas de respeito que foram fazendo alguma mossa, que o diga o Mikka que não se sentiu muito bem e deu meia volta até ao carro.
Pelo meio veio à baila o motivo destes encontros: Diversão! Quem não viu já uma imagem parecida num qualquer Tour...
No topo da Gralheira a estrada é falsa pois há um sobe e desce constante normalmente por longas rectas ao bom estilo dos states! Por aqui a energia eólica está em voga e eu sou um apreciador destas máquinas de debitar watt's não me incomodo nada com tanto gerador.
Depois do planalto veio uma longa descida que deu para cansar os braços, mãos e tudo o resto! Enquanto numa curva esperava pela foto ideal fiquei a saborear alguns dos frutos de Resende até que apareceu o André.... Podia ter demorado mais um pouco :D
Em Resende procuramos uma pastelaria para reabastecer, não foi fácil e a que encontramos não estava muito bem preenchida mas foi o suficiente para não deixar ninguém desfalecer durante a subida por fraqueza! Lembram-se daquilo do "quem não chora não mama"? Pois bem, na pastelaria meti conversa com a dona e disse que queria os famosos 5% de comissão sobre o consumo total! Não tive isso, mas um café de borla lá consegui...
Em conversa com o Filipe percebi que para sair dali as duas opções que haviam eram duras e ele para dizer isso é porque eram mesmo! Um homem em quem confio e confiarei no futuro.
Logo à saída somos presenteados com rampas de 12%, 14% e muito mais acho eu... Cheguei a pensar que estava a trepar um muro! Pelo meio destes mais de 10klm''s em que as rampas se sucediam houve uma ou outra parte de mais descanso mas nem assim dava para recuperar muito.
O Filipe reafirmou os seus créditos e trepa como se de uma mota se trata-se. Chegou a imaginar que dentro daquele cubo Shimano algo volumoso tem um esquema qualquer...Dar arranques todos damos, mas manter firmeza é com ele! É um caso à parte coitado. O Zé Nuno também está numa boa forma e foi sempre na minha frente e do Indy a fazer a ponte como se diz no futebol...
Mais atrás um pouco veio o Pedro Lobo seguido do Gil e do Fogueteiro que se vinha a queixar que a pólvora estava seca naquela subida! O André arrastou-se como conseguiu na subida até à capela de São Cristovão mas tiro-lhe o chapéu por não ter sido egoísta porque é sabido que está numa forma física bastante abaixo do que já foi e mesmo assim desenhou um percurso para tubarões das longas distancias/acumulado, reiterando o seu empeno para segundo lugar.
Depois de recompostos ainda pedalamos mais um pouco por entre algumas aldeias e fomos juntando mais umas rampas longas e que o fim parece não existir até iniciar a descida para Castro de Aire! Estava totalmente perdido no espaço e no mundo... Julgava que já estaria perto da Serra da Estrela :D
Na descida metemos pelo meio da aldeia de Codeçais que foi desabocar na barragem da Ermida! O André tinha falado que alguém lhe teria dado uns encontrões enquanto ele rabiscava e podiam sair uns brindes.. Está aqui um :D
Esta foto é no mesmo local, mas como sou o titular deste espaço reservo-me a alguma publicidade à minha pessoa :D :D Obrigado ao Indy pela foto!
Bem e depois e uma longa descida em que passamos mesmo ao lado de Castro de Aire cruzamos o Rio Paiva e veio a "morte" do dia na subida de Sobradinho e que iria passar a Faifa a caminho do quase topo do Montemuro.
A subida começa muito violenta e os primeiros klm's fazem relegar a subida ao Viso para 2ª categoria. A pouco e pouco vamos doseando o esforço e ficando alongados na estrada. O Zé Nuno seguia um pouco mais à minha frente e enquanto ele ia fazendo alguns "ssss" na estrada subida fora eu ia imaginando o esforço que teria de fazer! Para mim que apesar de já ser algo vivido nestas lides, nunca tinha subido nada do género e durante tanto tempo.
Passado uns klm's paramos para reagrupar e aí fomos trocando ideias do que vínhamos a sentir... Era comum o sentimento e apenas variava de tamanho o empeno!! Mais duas ou três rampas e estávamos na Faifa onde estava a acontecer uma feira anual com muito ambiente, carros na beira da estrada, barulho e poeira com fartura. Por todos acredito que tenha passado a ideia de uma chegada em montanha numa etapa qualquer de uma grande volta! Uns pararam para comer numa rulote algo mais pesado, enquanto o Fogueteiro comprou uma espécie de pão podre que foi distribuindo. Aquilo soube-me pela vida junto com uma fonte de água fresca que por lá havia! O barulho era muito e como não gosto de parar no meio destas subidas segui um pouco atrás do Indy no resto da subida. Foi a pior parte do dia estes cerca de 2klm's até à N321. Senti o corpo a fraquejar e a cabeça mandava acelerar mas o coração já pouco passava das 140rotações e as pernas iam abrandando! Era o empeno a falar mais alto de certeza.... O Indy também estava lixado, talvez pelo mesmo motivo que eu e juntos atingimos a estrada principal que nos trouxe um piso que estamos mais habituados a pedalar e as forças voltaram fazendo-nos acelerar bastante e quase no topo passou a mota por nós e ao sprint chegamos ao topo do Montemuro. Impressionante como à uns minutos atrás duvidava que consegui-se chegar ao topo!
Depois da foto de grupo seguimos para o ponto de partida. Ainda abri o fecho da maquina para tirar mais umas fotos mas o Indy juntamente com o Filipe passaram por mim já com a talega metida e eu não queria perder aquele comboio para a descida! Foram lindos aqueles klm's com tendência descendente e nós os três sempre a trocar de posição, com média sempre acima de 50klm'h! O Zé Nuno ainda veio dar uma sacudidela mas foi posto logo no devido lugar na fila para não estragar o clima :D
Com agrado chegamos quase todos juntos aos carros a Cinfães e após algum rescaldo, seguido de tentativas de trocar de roupa com um casal a mirar-nos enfiamo-nos no carro em direcção a nossas casas! Ainda deixei o Pedro num local próprio para dar uma corrida porque ele não vinha satisfeito. Eu fiz mais cerca de meia hora de piscina para achar que merecia um banho! No fim destas mentiras dei por mim aterrado a dormir como sei lá o quê de tão cansado que estava.
Foi uma volta maravilhosa, o percurso foi o mais exigente que fiz até à data talvez pelo compacto de klm's vs acumulado ao qual se juntam ainda as rampas de inclinação mítica. Mas para colmatar estas mazelas no corpo há muita coisa que a mente regista para o futuro, exemplos esses são as paisagens no topo da serra da Gralheira e de Montemuro ladeadas de torres eólicas que faziam a seara deitar-se em jeito de vénia para nós! Um dia fabulástico para recordar no futuro.
Obrigado a todos os presentes por não virarem a cara a desafios e fica a promessa que o próximo será menos duro um pouco. Diria até que é capaz de ter menos 100metros de acumulado!
Preparem-se.
 

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