segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Geo Bike Challenge Arouca

Estou a demorar um bocado a arrancar este texto pois estão a faltar-me as palavras para descrever o que se sente num fim de semana como este, mas vou tentar.
A aventura de tentar fazer alguns dos percursos do Ngps 2013 começa quando no ano passado fiz um dos eventos e mais um ou dois percursos que estavam no mesmo lote, passeios esses que os fiz com os Kézia claro. No inicio do ano ao ver o cartaz colei logo na etapa de Arouca imaginando que passa-se em Drave onde tínhamos lá ido em Setembro passado, num dia de sol espetacular e um percurso feito apartir de casa com pouco conhecimento da zona! Como as recordações eram boas queria repetir a dose e conhecer mais daquelas serras... Publicitavam-se horrores e toda a gente falava que ia ser demolidor, talvez esquecendo-se que enquanto estavam a falar ou imaginar o possivel empeno podiam ocupar esse tempo fazendo algum treino para o evento. A minha ideia de treino para o evento é simplesmente dar-lhe duro durante umas boas semanas antes para no dia conseguir gerir o tempo e o corpo como quero para assim conseguir discernir quando parar, quando comer, quantas fotos me apetece tirar e também quando me apetece acelerar mais o ritmo. Acho que hoje estou feliz ao escrever isto porque vi que o esforço feito deu-me um troco invejável e também porque a experiência que vou tendo e adquirindo com os mais velhos faz uma diferença incrível! Se por um lado com o Figueiras aprendi a cautela nas contas quanto a médias, horas de luz e horas necessárias para andar, por outro lado aprendi com o Jorge a levar um rascunho com um gráfico de altimetria para de vez em quando, quando parava afim de meter algo ao "bucho" consultar onde estaria e o que me avizinhava. Ainda me falta falar no pormenor de levar roupa confortável vestida, dentro da mochila para casos excepcionais que fui aprendendo com o Silva...Ainda há a questão do presunto da perna extra, ou isso é o fiambre?! dasss... Nem sei, mas essa parte foi com o Zé :D
Para eles um obrigado especial!
 
O Paulo juntou-se a mim para esta aventura e às 5:30h da manhã estávamos na estrada em direcção à cidade de Arouca. Custa levantar assim cedo é uma verdade, mas custa ainda mais ir atrás de Ford's Transit's velhas a cair aos bocados numa nacional próxima à cidade durante bastante tempo. Já ia a enjoar daquele cheiro a gasóleo derramado mas eis que uma operação stop da gnr fez com que todas, umas 5, encostassem para nós prosseguir a nossa viagem! Chegados fomos levantar um dorsal e uma credencial para ir sendo carimbada durante o resto dos eventos. Não havia brindes e aquelas tretas que muita malta gosta de trazer para casa, uma maravilha para nós que assim nos fizemos logo em direcção ao percurso!
Arrancamos eram cerca de 7:40h e o gps indicava que estavam zero graus com tendência para descer pois o nevoeiro que se avistava na Serra da Freita não parecia ser calorento! O começo foi o que devia ser sempre, alcatrão a subir ligeiramente entrando só uns 5klm's à frente para o monte em Santa Maria do Monte. Tinha chovido na sexta e a calçada que pisávamos estava um pouco escorregadia mas a perícia venceu sempre fazendo-nos avançar com categoria cada metro até à aldeia de Ameixieira. Aí o alcatrão fez-nos continuar a ganhar altitude devagarinho até uma viragem à esquerda com uma inclinação que nem o gps queria acreditar... Não tardou até desmontar-mos para tentar aquecer os pés durante um bocadinho! À frente apanhávamos de novo solo ciclavel e começamos a encontrar o ritmo certo para ir subir monte fora.
Aqui ia comentando com o Paulo, mais falador que na semana passada, que achava que éramos os primeiros no trilho porque as giestas ainda tinham os pingos da água. Ele estranhou tal afirmação mas ambos tivemos a certeza quando na Frecha da Mizarela estava um carro da organização e nos disse que éramos de facto quem estava a abrir as hostes. Registo neste local apenas que pela segunda vez aqui passo e continuo sem lhe ver a frincha, será que não tenho sorte ou ela não se quer mostrar?!
Prosseguimos sem demora alguma pelo parque de campismo do Merujal. A humidade, este nevoeiro que se vê na foto trazia uma cor especial à paisagem e nós aproveitávamos para nos deliciar-mos com tamanhas visões! Um pouco mais à frente depois de cruzar uma estrada de paralelo trocamos umas palavras com um grupo de caminhantes que se fazia ao monte em busca da foto ideal...
A temperatura mantinha-se nos zero graus mas nem por isso estávamos desconfortáveis porque como não estava vento e subíamos a bom ritmo íamos mantendo o corpo quente o suficiente para que o nosso cérebro concentra-se forças no olhar e contemplar da paisagem das árvores despidas... Até parece poético dito assim!
O trilho entretanto começa a descer, interrompido com um entroncamento onde quem iria fazer a vertente mais curta teria que mudar de rumo, mas nós seguimos monte abaixo bem embalados até à aldeia de Cabreiros que apenas nos deixou visitar algumas das suas entranhas porque os travões só iam fazer abrandar em Candal com algumas curvas no paralelo molhado que não permitia erros. Daí para a frente foi sempre a descer bastante até cruzar o Rio Paivô. Já sabia que para contornar a aldeia de Covelo era preciso uma boa dose de esforço pois já conhecia a estrada por ter passado lá de roda fina num evento "desorganizado" pelo meu amigo Pedro Lobo e confirmo que a estrada continua com uma inclinação respeitosa para ser feita com roda 28!
A subida vai durando e nós vamos gemendo enquanto conversamos para disfarçar as dores. Perto do local onde da ultima vez tinha uma pedra em forma de tartaruga paramos para lanchar alguma coisa rápida e disse que da ultima vez tinha a tal pedra, porque desta vez não a vimos! Era cansaço talvez.
No alto começavam-se a juntar mais grupos para reagrupar enquanto que nós seguimos logo para Regoufe fazendo uma breve paragem para fotografar as minas abandonadas. O chão da aldeia estava banhado de m€rda de animais, ainda fui a pensar um bocado como vai ser na Páscoa quando o compasso fizer a visita às casas...
À saída de Regoufe tivemos de pegar nela às costas para passar um ribeiro e prosseguir por um caminho bem melhor do que a ultima vez que lá tínhamos passado...Caminho este que contornava os campos e com um pendente ligeiro lá foi fazendo mossa durante mais algum tempo até à descida para Drave. Nós conhecíamos o que nos esperava e como temos algum jeito para utilizar a bicicleta só saltamos fora da mesma já com Drave nos nossos olhos para um lanche mais demorado!
Drave continua uma aldeia lindíssima e causadora de arrepios tal como as fotos mostram.
Reparei que no sentido contrário, tal como o tínhamos feito da outra vez, conseguimos aproveitar melhor os trilhos e conseguimos estar mais atentos para a foto ideal!
Depois de comermos arrancamos a pé fazendo um bocado a empurrar a bicicleta...Aqui seguiam alguns "bicicletistas" que só se queixavam! Doía isto e aquilo, o caminho era muito duro, não há água e a melhor: "epah, não estou habituado a subir assim ao meio dia e vinte"...
Mais uma vez mantemos a calma e prosseguimos na boa e quando pudemos engatamos o cleat e prosseguimos lentamente já que a subida ia durar, e muito! À saída desta aldeia magnifica o momento mais triste é mesmo quando ouvimos a sapatilha encaixar e seguimos sentados sem conseguir olhar para trás porque a subida assim obriga e quando damos por ela já não a vemos mais para tristeza nossa...
Do alto já víamos a São Macário e o Portal do Inferno, locais de boas memórias sempre!
No estradão que passava por baixo das eólicas estava um reforço à base frutas dado pela organização e desta vez resolvemos parar para usufruir de umas laranjas maravilhosas enquanto ouvíamos as hélices ranger, sinais do tempo tal como a ferrugem que vai corroendo a estrutura que as suporta.
Não paramos muito tempo e no inicio da subida ao São Macário reparei que o percurso não iria à capela....Achei um pequeno lapso e fomos visitar o santo à procura da prometida esmola de 5euros que o Hugo havia visto numa visita anterior! Não vimos a nota, é provável que o São Macário a tenha gasto :D
Sabia que agora iríamos descer bastante tempo... Descer como quem diz, de vez em quando apareciam algumas paredes para vergar em mudanças mais lentas mas depois de embalar foi sempre a levantar pó durante uns bons klm's numa descida rápida e de piso bem bom. Já cheirava a férodo!!
Cheiro esse que se fez desaparecer quando nos debatemos com este ribeiro. Vínhamos quentes e custou um bocado perceber que não havia outra maneira de passar sem ser molhar os pés. Atacamos a água e a subida que se seguiu bem dura, dura mesmo mas foi uma maravilha para aquecer de novo até à estrada que possivelmente ia ser o nosso tapete até ao fim!
A estrada não trouxe descanso, pelo contrario, trouxe uma inclinação que precisava de respeito para não nos trazer o empeno e devagar devagarinho chegamos ao topo... Foi um descanso aquela descida até Ponte de Telhe e fez-nos recuperar bem para a ultima subida que também já conhecíamos!
O facto de conhecer-mos nem sempre é favorável porque começamos a meter ritmo forte desde baixo pensando que aquele troço de alcatrão era mais pequeno e a cada curva pensávamos "está a acabar" mas nunca mais terminava...Agora que escrevo isto lembro-me que nem por isso levantamos pé até ao topo por mais que viéssemos a ferver!
Com agrado iniciamos a descida final para o local de partida.
À chegada tínhamos uma fatia de bolo de Arouca, muito parecido ao Bolinhol, e um copo de vinho do Porto! Diziam-nos que aquilo foi o que procuramos todo o dia...
Se era aquilo que eu procurava, a resposta é não... O que procurei encontrei durante o percurso! Encontrei bons trilhos, locais magníficos, sítios para voltar um dia mais tarde, pessoas da organização impecáveis, amigos de outras andanças, amigos daqui perto como os 4Team, outro amigo que fizemos de Fafe e trouxe também uma sensação de dever cumprido e de que durante os próximos tempos vou olhar para trás e lembrar cada momento passado!
O Paulo foi espetacular em todo o dia e deu por bem entregue cada segundo passado em cima da bicicleta... Registo também que não usamos nenhum café existente durante o caminho porque levávamos mochilas de 3kg com comida que chegou e sobrou para nos satisfazer e alimentar durante o dia.

No fim de tanta palavra e de um texto que devia ser mais pequeno ainda muito fica por dizer mas acima de tudo acredito que quem investiu tempo nesta leitura sentiu quase o mesmo que nós sentimos em toda a viagem, viagem essa que ainda nos fez parar pelo caminho para uma sopinha afim de confortar o estômago e lavar o paladar dos habituais chocolates e doçarias!
Mais um dia feliz e com a promessa de repetir um dia...

Há e como nestas coisas há muita malta divertida e que vai fazendo umas coisas engraçadas vou partilhar aqui um vídeo dos Kunalamabtt feito no evento com uma dança muito na moda ao que parece: http://vimeo.com/60378352

No domingo de manhã apesar do frio resolvi fazer-me à estrada para uma volta a ritmo mais lento, havia que limpar o sangue queimado aos músculos! É uma boa desculpa para pedalar :D
Tomei o pequeno almoço com os Kézia e enquanto eles seguiram para mais uma volta bem divertida como de costume, eu segui na conversa um pouco com o Xavier que me havia cruzado na hora do arranque...A conversa foi curta visto ele estar numa montada diferente e não dar para me acompanhar! Eu segui para a Morreira, Famalicão, Trofa, Santo Tirso e casa!


Uma volta bem interessante apesar do frio inicial e deu para ver que as pernas ainda se mexiam como no dia anterior :D
 
P.S: Quando houver mais fotos de Drave partilho aqui!
P.S.2: Dia 23 há a segunda etapa do Ngps em Amares, quem quiser ir avise-me até ao fim da semana.

1 comentário: